19.4.13

Conheça Seu Luiz Paixão


O mestre popular é o agente da vida no repasse dos saberes e fazeres necessários à continuidade da nossa cultura. Dos canaviais pernambucanos, com destaque os da mata norte, brotam homens que transformam suas ásperas e difíceis vidas em poesia sonora, oral ou visual. Podemos assim, apresentar o Mestre Luiz Paixão como exemplo destes homens. 



Nascido no engenho Palmeira, em Aliança, neto, sobrinho e primo de ilustres rabequeiros, iniciou seu aprendizado aos 8 anos, tirando de um e de outro a rabeca escondido pra tocar. Ao mesmo tempo, começava sua vida de camponês. Esta proximidade promoveu uma convivência mais intensa com os mestres, também camponeses. Mas, foi seu avô Manoel Alves, que o ensinou as escalas e os movimentos.

Aos 13 anos iniciou sua trajetória musical e aos 15 assume a rabeca do banco de cavalo-marinho do lendário Mestre Batista, bem como o forró e o coco das noites de festa, nos engenhos da mata de Pernambuco e Paraíba.

Seu estilo único, vigoroso, sonoridade ímpar e cristalina, preenchida e executada com três dedos (uma acidente, ainda jovem, imobilizou seu dedo midinho esquerdo), graduou o Mestre Paixão, rapidamente, dos canaviais para um dos mais importantes rabequeiros do Brasil.

Mestrou para vários músicos locais e internacionais: Siba, Maciel Salu, Renata Rosa, Nicolas Krassic, entre outros.

Na sua trajetória, Seu Luiz já participou do Encontro da Rabeca, Violino e Orocongo no Sesc Ipiranga em São Paulo, em 1998, a convite de Antonio Nóbrega. Também à convite do Etnomusicologo da Columbia University (NY), Jonh Murphy, participou do Congresso de Etnomusicologia, na Florida, em fevereiro de 1999, representando a rabeca no Brasil.

A partir de então, vem tomando parte em inúmeros projetos: Musica do Brasil - Mapeamento musical da Editora Abril realizado em 1999 - onde representa a rabeca da tradição do cavalo marinho; Mapas Urbanos, ao lado de Siba - documentário da TV Cultura de São Paulo sobre Recife e Arredores, em 1999; Encontro dos Rabequeiros (promovido pelo CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil - em suas edições no Rio de Janeiro e em São Paulo), em 2002; além de transitar também pelo universo da música instrumental, com destaque para a sua colaboração junto ao violinista francês Nicolas Krassic, 2006.

De 2001 a 2007, Seu Luiz Paixão tornou-se um dos principais integrantes do grupo de Renata Rosa, cantora, compositora e rabequeira, formada pelas mãos do mestre. O primeiro cd deste projeto, Zunido da Mata, amplamente premiado internacionalmente (recebeu o prêmio Choc de l’anné da publicação Le Monde de la Musique, entre outros) e mais recentemente o seu trabalho solo Pimenta com Pitú tem lhe levado a importantes palcos e festivais internacionais.

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